segunda-feira, 20 de julho de 2015

Imperdoável!...



A 25 de junho de 2012, face ao anteprojeto do governo atual, sobre o futuro da atividade de guarda-nocturno, inspirado  no anteriormente apresentado pelo governo socialista em fevereiro de 2011, escrevi neste blogue aquele que seria o meu único artigo nos últimos três anos.



Apelava ao espírito de corpo (?) dos profissionais do setor e, acima de tudo, ao espírito de missão (?) das associações de guardas-nocturnos. Que todos fôssemos capazes (?) de ultrapassar as diferenças, arregaçar as mangas e trabalhar arduamente pro bono pelo presente e pelo futuro desta atividade secular que é a nossa.



Quando a ASPGN respondeu à chamada e me convidou para a representar num grupo de trabalho com a ANGN e com o CNGN ( sempre defendera a união de todos em prol do que nos é comum ) aceitei com entusiasmo e empenho trabalhar no sentido de uma aproximação entre as várias partes, sensibilizar para o bom senso individual e de grupo e para a criação de uma plataforma consensual em prol do que seria imprescindível, razoável e exequível.



Desde o primeiro momento, alertei cada um dos participantes ( direção de cada uma das associações ) para o fato de que a missão do grupo de trabalho interassociativo não se esgotaria na resposta ao anteprojeto mas que havia a necessidade urgente de, juntos, nos anteciparmos também às próximas iniciativas que, tarde ou cedo, acabariam inexoravelmente por surgir ( os acontecimentos que ocorreram entre 2002 e 2009 assim o previam, sem grande dificuldade intelectual ), planeando, estruturando e apresentando alternativas sólidas, sustentadas e credíveis que não pudessem ser facilmente desmontadas pelo Poder, sem que com isso ficassem evidentes possíveis interesses escusos.



Quando o documento final do grupo de trabalho estava quase concluído foi com surpresa ( ou não (?) ) que a direção da ANGN e do CNGN insistiram como indeclináveis em dois pormenores absolutamente impensáveis na conjuntura de então ( e de agora ).



As direções da ANGN e do CNGN, de forma imprudente e insensata não escutaram os meus argumentos e reivindicaram o direito de decisão, por juntos serem a maioria no grupo de trabalho.



Alertei para o fato de estarem a apostar em algo que não tinha o mínimo de probabilidades de vencer e que estavam a comprometer o futuro do trabalho interassociativo entre os guardas-nocturnos, por evocarem aquilo que seria impensável se estivessem de boa-fé. Não obstante o meu apelo para repensarem a sua posição vi gorados os meus esforços.



Na minha qualidade de mero representante da ASPGN no grupo de trabalho, contactei a direção da mesma que, como é óbvio, deu por terminada a sua presença e findos os trabalhos.



Assim, a ANGN e o CNGN, sem grande esforço, teve nas mãos um trabalho que, com exceção dos pontos que consideravam a sua bandeira ( uma triste bandeira votada ao insucesso ) tinha mais do esforço da ASPGN e de mim próprio do que do seu trabalho ( conforme está documentado ainda no meu arquivo ).



A resposta individual de cada uma das associações ao anteprojeto ( incluindo os impropérios da ANGN e do CNGN ), teve o mérito de criar um hiato que não soubemos aproveitar mas, as ideias e os conceitos inclusos foram completamente ignorados pelo Poder, talvez por ausência de força representativa por um lado ( tão poucos guardas-nocturnos e numa situação crucial eram incapazes de se unirem em prol do bem comum ) e também por continuarem a não saber fazer valer em conjunto os seus direitos mais importantes, apostando alguns na demagogia e na irresponsabilidade.



Tal como acontecera com a queda do governo socialista em 2011 e que atrasou a ameaça que pendia sobre a profissão no anteprojeto de então, a história repetia-se mas, só os menos esclarecidos, os verdadeiros naïfs ou os voluntariamente insensatos, poderiam acreditar que,  “ sossegadinhos” e “caladinhos”, acabaríamos por sair vencedores (?) e que tudo teria um happy end como nos filmes cor de rosa.



A história porem tem outra certeza e tudo se passou ao contrário do que essas mentes prodigiosas poderiam em delírio pensar.



O projeto do PCP ( o único que ia ao encontro dos nossos interesses o que não deixa de ser irónico por ser a única força política que poderia mas não tem complexos de segurança ) e que por esse motivo era acompanhado de perto pela ASPGN, acabou por ser completamente ostracizado pela maioria governamental, que ignorou tudo e todos, ao aprovar na generalidade e na especialidade, sem alterações, o anteprojeto do Poder.



Curioso, ou talvez não, o fato de que a ANGN e o CNGN não fazerem nas suas páginas na Web qualquer menção a esse fato, como se afinal estivessem à espera  de um milagre só para si.



Tal como aconteceu em 2009, aquando do nosso desarmamento, goste-se ou não, concorde-se ou não com a forma, foi a ASPGN a única associação que veio de imediato a terreiro defender a profissão e os que a exercem, assumindo uma posição pública nesse sentido e informando os próprios guardas-nocturnos sobre o que se estava a passar.



As outras associações ainda estão decerto a “pensar”, provavelmente em não fazer nada e aguardar na sua sacra sabedoria que “Deus há-de provir!”.



É imperdoável que no passado recente isso já tenha acontecido e volte de novo a acontecer mas, quando se presume que somos detentores da verdade, o resultado só poderia esse: desastroso.



Infelizmente, por motivos de saúde de familiar com idade avançada, não me é possível estar presente na vigília marcada para o dia 22, expressando aqui os meus votos sinceros que a mesma cumpra os objetivos dos promotores e que vá ao encontro dos nossos melhores interesses.



Por último, gostaria ainda de afirmar que acredito que o pedido de uma providência cautelar seja o último recurso a tentar para, de alguma forma se pensar em contrariar o processo involutivo em curso e obstar ao toque de finados para esta atividade profissional.



O futuro próximo irá confirmar-nos se entramos, ou não, em processo de extinção.




José Medeiros


Nota: à data de hoje foram corrigidas algumas imprecisões e erros temporais inclusos neste documento, não obstante não ser alterado em nada o seu sentido e dimensão. Pelo atrás citado apresenta o autor as suas desculpas.

                                                                                                                     21 jul 15





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