quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Esclareçam-se, por favor!...


http://www.dnoticias.pt/actualidade/madeira/248036-equipa-de-guardas-nocturnos-do-funchal-e-pioneira-no-pais-a-operar-com-ca

                  
                               “ a propósito de alguns comentários à notícia “




É sempre lamentável que para alguns a ignorância se sobreponha ao bom senso.

Quando falamos de um assunto, devemos procurar conhecê-lo primeiro e não deixar que as palavras saiam desordenadamente, sem nexo.

Para quem não saiba, a figura do Guarda-Nocturno é muito provavelmente, a nível internacional, a primeira forma de polícia que aconteceu no Mundo e remonta à Antiguidade Clássica, entre os gregos e os cartagineses.

Inclusive, foi na Roma Imperial de Augusto que surgiram os " triumviri-nocturni " que patrulhavam e aplicavam a justiça nas ruas, enquanto as legiões combatiam no exterior.

Em Portugal a figura do Guarda-Nocturno ( à data, vigia nocturno ) é falada na Carta Régia de D. João I ( 1383-1385 ) quando o mesmo reconhece a profissão conjuntamente com a dos " carpinteiros do machado " ( bombeiros ).

Após o terramoto de Lisboa, em 1 de Novembro de 1755, a Cidade de Lisboa foi, à semelhança do que já acontecera com a Cidade de Londres ( com os night watchmen ) dividida em distritos e os mesmos patrulhados por vigias nocturnos.

No final do Século XIX as Cortes do Reino, falavam regularmente e de forma elogiosa dos Guardas-Nocturnos, que nessa data eram cerca de 200 na Cidade de Lisboa, apontando a que os mesmos guarnecessem a segurança da cidade, enquanto os guardas municipais o fizessem fora de portas.

Já nos finais dos anos 80/90, a Área Metropolitana de Lisboa ( Lisboa Cidade, Linha de Sinta, Linha de Cascais, Linha de Loures, Linha de Vila Franca de Xira e Margem Sul ) tinham inúmeros Guardas-Nocturnos que de forma organizada, nomeadamente em Centrais Rádio ( Os Rondantes e Os Alertas ) de que muitos cidadãos se recordam certamente, tornavam, também já nessa altura, as noites mais seguras.

Sem desmérito para os vigilantes ( funcionários das empresas de segurança ) a actividade dos Guardas-Nocturnos, apesar de meia privada meia pública, nada tem a ver com a praticada pelos mesmos.

Um Guarda-Nocturno faz diariamente, em articulação com as forças policiais, um trabalho permanente de prevenção e de dissuasão num patrulhamento solitário de proximidade e de visibilidade mas, não se limita a isso. Confrontado com o inesperado, nomeadamente na ocorrência do ilícito com que se depare e contrariamente àquilo que a sua segurança exigiria, é forçado pelas circunstâncias a agir no imediato, muitas vezes sem tempo para alertar previamente as autoridades policiais com que trabalha e expondo a sua integridade física e a própria vida.

Muitos desses homens que ainda hoje exercem esta actividade ( Honra e Mérito a todos os que a Servem de forma abnegada e com empenho, e são mesmo muitos ) têm ao longo da sua carreira, alguns com 20, 25, 30, 35 e 40 anos de serviço, milhares de intervenções a solo e centenas de indivíduos que, retidos por si, sob forte suspeita ou em flagrante delito, acabariam entregues sob custódia às autoridades e posteriormente detidos.

Hoje, mais do que nunca, sem se sobreporem ao papel das Forças da Ordem mas complementando antes a sua acção, numa incidência mais pormenorizada, pelas competências e âmbito de actuação mais restritos, os Guardas-Nocturnos são ainda na actualidade uma mais valia para a Sociedade Civil e para a Comunidade em que se inserem.

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